Um convite à comparação

17/02/2010 11:04

(artigo publicado no blog do Noblat em 12 de fevereiro de 2010)

 

 

“Se quiserem comparar, vamos comparar. Número por número, casa por casa, obra por obra, escola por escola, emprego por emprego.”

 

A frase acima é da ministra Dilma Rousseff. Foi dita em Governador Valadares (MG), no lançamento de ações vinculadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ao Bolsa Família e ao "Minha Casa, Minha Vida".

 

Mais do que uma resposta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que tentou defender seu governo no artigo intitulado "Sem medo do passado", a frase é um convite à comparação do que é o Governo Lula e do foram os anos FHC.

 

Em 2010, esse é um exercício que todos os brasileiros teremos que fazer: comparar os dois governos. Tentar lembrar, por exemplo, o que fez FHC diante das ações do Governo Lula na Educação: 596 mil bolsas do Pró-Uni, 12 novas universidades, 79 escolas técnicas, Enem, SiSU e piso salarial de R$ 950 para os professores.

 

Pensando no melhor para o futuro do país, precisamos contrapor as duas formas de governar em todas as áreas: Economia, Infraestrutura, Saúde, Saneamento Básico, Planejamento, Comércio Exterior, Relações Internacionais, investimento nas cidades e nos Estados, melhoria do sistema judicial, fortalecimento dos bancos e empresas públicas, incentivos culturais, ampliação do salário mínimo e aumento do poder de compra, enfim, promover comparações profundas e extensas dos dois governos.

 

A razão dos melhores resultados colhidos no Governo Lula está nas diferentes visões de que o importante para o Brasil.

 

FHC e os tucanos acham que um bom governo é feito com um Estado mínimo, que pouco atua junto às instituições econômicas e, consequentemente, traz poucas melhorias nas condições sociais.

 

Trata-se de visão impregnada da idéia de que tudo o que vem de fora é melhor, por isso, deve ser copiado. Foi assim com as privatizações, que entregaram o controle de setores vitais para grupos estrangeiros privados. Não fosse a pressão popular e a Petrobras teria sido privatizada, deixando de ser um patrimônio do povo brasileiro.

 

Os tucanos têm uma visão cujo resultado é governar para poucos. Talvez seja porque nasceram como partido de um movimento de elite, dentro do Congresso Nacional.

 

O PT, por sua vez, nasceu das camadas populares, dos movimentos sociais, junto às pessoas que sempre ficaram em segundo plano no Brasil. Por isso, ao assumir o governo, voltou seu olhar para elas.

 

Com Lula e o PT, o Brasil passou a crescer com distribuição de renda. Basta verificar os indicadores de emprego, crescimento e renda. Foram criados 12 milhões de empregos com carteira assinada em sete anos —a previsão para 2010 é de novos 2 milhões.

 

Crescemos por ano, em média, de 3,7% —em 2010, a estimativa é de 5% de crescimento. As políticas de aumento do salário mínimo e dos benefícios sociais fizeram 20 milhões saírem da linha da pobreza e outros 31 milhões ingressarem na classe média —de acordo com o IBGE, a renda do trabalhador é hoje 14,3% maior do que era em 2003.

 

O Estado no Governo Lula tem presença. Isso vem da concepção de que é da responsabilidade do Estado induzir o crescimento, desenvolver o país e promover distribuição de renda. É papel do Estado reduzir as desigualdades históricas e direcionar o Brasil para o rumo certo.

 

Por isso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem sido tão importante no Governo Lula para garantir empresas nacionais fortes. Sabemos que se não for assim, o Brasil terá papel secundário no mundo, como sempre teve nos governos anteriores.

 

O Governo Lula entende que o Brasil deve ter voz no mundo e tem trabalhado para isso. O respeito internacional conquistado mostra que o trabalho está sendo bem feito.

 

Essa concepção diferente que o PT e Lula trouxeram para o governo fez o Brasil enfrentar a mais grave crise internacional desde 1929 conseguindo reduzir seus efeitos negativos.

 

Com FHC e os tucanos, o país saía das crises endividado, porque dependia do FMI (Fundo Monetário Internacional) para enfrentar as turbulências. No Governo Lula, o Brasil foi exemplo para o mundo.

 

É esperado que FHC tente fazer a defesa do seu governo, pedindo a comparação. Mas por que será que os demais tucanos não fazem a mesma defesa?

 

O governador de São Paulo, José Serra, foi ministro do Planejamento, da Saúde e líder de FHC na Câmara e deve ser confirmado como adversário de Dilma nas próximas eleições. Serra representa os anos FHC, Dilma representa o Governo Lula. Por que Serra não defende a gestão da qual participou?

 

A resposta é simples: porque o Governo Lula foi melhor e deu ao Brasil uma posição de respeito e liderança internacional (de país grande, justo e importante).

 

É lógico que há aspectos que devem ser aprimorados, porque mudar condições tão desiguais leva anos. Mas não dá para fingir que os oito anos de FHC foram melhores para o país do que os sete anos de Governo Lula. Não sou eu quem diz isso, é o povo e a admiração que o Brasil tem hoje no mundo, um país respeitado e consultado nas decisões internacionais.

 

Os tucanos fogem da comparação e vão fugir durante toda a campanha de 2010. Porque comparar significa reconhecer que o Brasil está no caminho certo. Em outubro, esse rumo se chama Dilma.

 

Por Zé Dirceu, ex-ministro chefe da casa civil do presidente Lula.

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